Ninguém perde ninguém por não gostar de suas viagens preferidas, não lembrar de todas as datas especiais ou não ouvir Los. Quando se perde por fim, era só o último pedaço, a última gota, o último grão de alguém. O último pozinho que insistia em ficar feito poeira escondida em um canto escuro ou embaixo do sofá. E os primeiros se perderam pelo vento, que não foi aproveitado em um domingo a tarde quando se assistia algum programa banal frente a TV esperando a vida passar. Se perderam depois do primeiro gole sem brinde, nos elogios que nunca foram feitos mesmo que tivesse milhares de motivos para acontecer. Se perde pela ausência do abraço apertado ou do beijo estalado no rosto, enquanto se pensasse que seria perder o tempo demais. Se perdeu pelas vezes em que não se pôde abrir mão, em que as músicas deixaram de ser trilha e o amor caiu na rotina. Raramente se perde alguém por completo no estalar dos dedos. Quando se nota a perda, a existência já era ausência bem antes da dissipação.
Entrenó
quinta-feira, 13 de março de 2014
domingo, 1 de dezembro de 2013
Shine
Sobre os meus receios, eu ainda os tenho. Me assusto com todos os ''eu te amo''s que saltam impulsivos e teimosos da minha boca. Guardei todos por tanto tempo, que mais parecia tentar guardar a vida toda em um só abraço apertado. Sobre os meus medos, ainda morro quando penso em dar de cara no cais ou aportar em areia movediça. Valentia que falece sempre que me deparo com aquilo que foge das leis que eu criei pra que eu mesma seguisse piamente. A mim, cética que sou, não bastou colocar apenas os pés atrás; coloquei também minhas pernas,meus ossos e minhas mãos. Daí que só restou o tal do coração pra ir te buscar. Talvez o danado do amor não seja lenda não; talvez seja brisa que passa ou vento que sopra no peito da gente por muito tempo sem cessar. Talvez seja em você que eu devo aportar, talvez eu esteja enganada mais uma vez. E depois desta, ainda me engane mais umas mil. Que mal existe se for mentira tudo isso que o coração inventa - e a cabeça aprova - quando depois acaba virando coragem pra alma da gente?!
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Cá pra nós
E sobre as coisas que aprendi com você e as que aprendi te ganhando, ainda não quero dizer nada. Entre minha coleção de medos e das previsões tortas que eu faço, mesmo desdenhando de quem acredita no destino, está o medo de ancorar em ti. Eu que tantas vezes deixei que meu corpo fosse morada do seu, que te entreguei dos meus pensamentos mais infantis às mais duras decisões nessa minha cabeça de algodão doce. Eu, que tanto me permiti quando o assunto era você. Deixei passar todos os vícios que eu tinha repulsa, quando se tratavam dos seus. E não é que os vícios todos eram até legais? E quando vi, estava eu viciada também, em ter você por perto, mesmo que eu tente me manter metros,medos e orgulhos de distância. Vivo querendo que você acredite na super heroína que eu criei pra mim. Na mulher em corpo de menina que tem auto estima, e que não faz ninguém de bengala pros seus medos, porque deles, ela é quem sabe e domestica. Acredite nessa mulher que construiu milhões de muros de Berlim ao redor de si, mesmo vendo eles derrubados todos os dias por qualquer sinal seu,mesmo que de longe. Acredite na personagem que eu criei pra nós dois, porque hoje, eu não acredito mais em mim.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
''Desrotulado''
Porque dentre os medos que todos os dias feito remédio que não se pode perder a dosagem , eu alimento, está o medo de te escrever. De nos (d)escrever. Poetizar nós dois seria como confundir as dosagens com os males e acabar anestesiando a nossa melhor parte. Exibir em carne viva e por aí acabar distorcendo os nossos mais bonitos detalhes. O nosso acaso, nosso caso, as desconexões gigantes que por fim, levaram ao encontro, os acertos nas menores possibilidades. Nós dois somos jogos de loteria em que as chances de ganhar são vagas, mas as pequenas porcentagens levam a persistência, e nós insistimos feito crianças teimosas mesmo sem saber qual o prêmio final. As obrigações perdem o sentido do nome em cada riso descomprometido que modifica as lentes por onde vejo se não um, os dois. As mesmas lentes que me mostraram sobre os riscos pequenos de futuro e aos grandes do que se mantem inertes. Nós dois somos gigantes demais e não cabemos nas minhas linhas. Somos sorriso largo sem poesia cara ou palavra que enrola a língua. E é por isso que eu deixo que nossa poesia não seja viva a mais ninguém, a não ser a nós, os próprios autores, que em linhas tortas poetizam, e nem sabem.
*Insira o som do seu riso aqui*
Eu poderia achar que você não dá um texto. Você não é romance, não é príncipe em cavalo branco, não faz a linha roteiro de novela e nem é alguém com quem consigo ver qualquer risquinho do meu futuro quadrado; só sabe me fazer bem. E eu, frustrada com os romances, eu, que tenho repulsa a príncipes encantados e eu, que enjoo com os finais clichês e sem vida das novelas, me sinto feliz com as intimações suas. Talvez goste do fato de não estar completamente só, ou goste de ver meu avesso refletido na tua falta de jeito com as palavras, no estilo oposto ao meu, na falta dos tantos protocolos que eu tenho e desse jeito cheio de você quando quer me convencer de alguma coisa. Talvez eu só esteja gostando de me arriscar demais perto de você, de experimentar um jeito diferente que só se iguala quando a gente fecha a boca pra ouvir música ou fica envolvido em qualquer abraço digno de quem não imagina ter se ganhado há tão pouco tempo. Bom é se sentir livre, mas ter você pra arrancar sorriso quando o dia parece meio sem cor. Bom talvez seja o gosto do cigarro na boca, da falta de preocupação. De ser nem aí demais quando eu quero saber o pensamento até de quem eu não conheço sobre mim. Feliz sou eu que não confio em ninguém, mas que deixei você me riscar com as cores da sua tatuagem. Feliz sou eu, me arriscando feito criança que molha o pé pela primeira vez na água do mar e entrega o ouro à meu pior inimigo: eu e minhas paranoias habituais.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Peace,baby
A vida nunca tinha dado a ela a certeza do que efetivamente representava um fim. Mas, se existisse uma cor pra qualquer fim que fosse, a cor seria aquela. Exatamente daquele jeito... a cor daquela calmaria externa. A moça não perdia uma vela pra apagar que fosse, nem uma estrela cadente distante que passasse ou qualquer pontinha do que lhe desse um pouco mais de fé de que os pedidos feitos durante aqueles rituais tão infantis virassem verdade. A moça ainda hoje não largou essa mania; se apegou a isso como se apegara tanto ao que há de ser deixado pra trás. Mas virou quase um disco ralado ou um livro de uma frase só. Repetia sempre mentalmente com os olhos fechados o mesmo pedido. Deixou os desejos costumeiros de lado. As vontades comuns próprias de alguém ficaram de escanteio.Não que não desejasse, mas antes de tudo queria paz. Paz virou sua prioridade,sua meta, o motivo pelo qual viveria agora -mesmo sabendo que esse tipo de coisa, como tinha lido sobre a liberdade,não se encontra como se encontra um lugar.- Não precisava ser a paz mundial, apenas a sua. Paz interior,paz consigo,com seu mundo. Paz pra rotina, paz pra alma,pra mente,paz pro coração. Por um tempo iria esquecer as aprovações, a inconstância de um amor intenso e até o bem dos que amava. Abriria mão de qualquer coração pulsando fora do ritmo que fosse por sua paz, e só.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Flight
E como em outras vezes, eu perdi o fio da meada. Não sei exatamente quando, nem como. Me pareceu que entre o piscar dos olhos secos e o sorriso que se formava no canto da boca ou quando me vi saindo assim, sem despedida nenhuma. Sei que o corpo virou casa de umas dez mil emoções fervilhando e o coração de umas paixões dessas descabidas de menos de um fim de semana. Logo eu,tão raiz... Criei duas asas dessas boas de se admirar;e Narciso sentiria inveja do amor que sinto hoje por elas. Tão mais importantes pra mim do que qualquer coração pulsante que eu quase faço parar de bater no peito. Esse virou leviano, e egoísta até. Virou mais sorriso, mais deixa acontecer e - pam!- a boca gostou desse sabor de liberdade.E quem me empresta os ouvidos sabe por quantas vezes me ouviu argumentar com um "nós só temos certeza dessa vida". Porque é assim mesmo, moço, não tem como dizer que não. Independente da tua crença, vem brincar de viver solto do meu lado ou do lado de quem te quer feliz. Só tira essas mãos de mim, porque essa minha sede de viver demais afasta qualquer um que queira me segurar pelo braço, mesmo que com um abraço de amor.
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