domingo, 15 de abril de 2012

De onde eu não deveria (pensar em) sair


"Sei que estou sendo contraditório,mas como não ser? Eu amo ela. É a minha garota e pronto. Não tem como fugir disso. Eu disse que precisava de espaço, ganhei o espaço e agora estou ouvindo os ecos da minha própria voz gritando o nome dela. Bonito isso que eu disse né? Tem papel e caneta? Quero anotar pra ter o que dizer quando chegar lá." (tempo + espaço = falta. Gabito Nunes)

Acenda as luzes, afaste os móveis, puxe o tapete. Senta mais pra lá... Ou melhor, pode se levantar? Já não é hora de ir embora? Às vezes eu preciso estar só. Você pode entender isso. Quero sentir o gosto doce e idealizado de uma tal liberdade que eu nem sei direito o que é. Pra andar por aí sem me esquivar, pedir licença; sem querer explicações nem pedir justificativas. Andar torta ou talvez criar asas e voar,mesmo que eu não saiba pra onde. Você me permite isso? Aliás, não me permita nada. Posso andar sozinha... sei de alguns caminhos e se eu me perder pergunto pra alguém como faz pra continuar. Ou pra voltar, quem sabe. Por que eu voltaria? Porque um dia eu fiz planos, e mesmo que não tivesse os feito, estive em lugares em que eu não me importaria se tivesse de ficar pra sempre. Em outros desses dias perdidos eu recebi abraços enquanto tentava cozinhar alguma coisa, e senti meu coração pequenininho enquanto Renato Russo cantava ''Tempo Perdido'' naquela viagem de volta. Se eu não voltasse pelos meus planos, talvez voltasse por todas as vezes que vi o sol nascer e se pôr no céu mais bonito do mundo. Ou talvez porque deixei meu primeiro beijo, meu primeiro passo e minhas mãos entregues a alguém. Eu poderia continuar, mas se eu bem quisesse teria motivos pra voltar... poderia ser pelos sorrisos ou pelas palavras que guardo comigo, quem sabe por aquela chuva... você lembra? Tenho vontade de sorrir só em lembrar disso... e se não fosse pela chuva que fosse pelas flores ou ainda pelo jardim onde se decidiu a necessidade que um tinha do outro. Quem sabe eu volte porque em outro lugar eu não encontraria quem me beijasse com olhos e nem quem soubesse o significado de um beijo na testa, além de não saber também do meu nariz gelado quando sinto frio, de como sofro com cólicas, de como meu segundo sorriso costuma ser mais espontâneo do que o primeiro e de como fico contrariada quando se recusa meu pedido de ser levada sob os ombros... eu fiz planos,sabe... mas eu bem que poderia voltar em nome daquela lágrima beijada ou daquele abraço apertado... talvez pelos bilhetes, pelas fotos ou pela respiração quente. Os sorrisos que se abrem em todos os reencontros também me parecem motivos fortes para uma possível volta...ou permanência. Porque só preciso de um chão firme pra pisar pra fingir que você não sabia e dizer: quero ficar.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ser abrigo


Voou. Como de costume e como voam as borboletas a favor do vento por 24 horas que mais parecem segundos. Não deixarei palavras espalhadas pela casa ou por onde quer que seja. Não mudarei e nem darei chance a qualquer raio de incerteza que tente vir até mim. Precisei dos tornados para me tornar forte. Deixei a covardia e o medo de lado e fiz ; como quem luta com a última arma na última das chances. E pude ver como tudo ainda estava intacto ali, tudo que era nosso. Aquelas palavras antigas e nunca gastas me rodeavam e me traziam meus mais bonitos sorrisos. Com os olhos e com o coração. E é aí que as palavras faltam e só as pulsações falam. E o gelo das mãos é que dá vazão ao que só esquenta a alma o os corpos. Meu lar, doce lar.