Para as capas duras e negras, as páginas amareladas e as minúsculas letras gastas - já que assim vejo livros filosóficos - seria a partir de um momento - em uma época "moderna", onde os seres pensantes se vêem no centro de tudo - em que se deixa de acreditar em mitos e monstros; em lendas. Talvez de forma egoísta e equivocada, às vezes, mesmo rodeada de cores e páginas brancas, é assim que vejo o mundo. Não só o meu, mas o mundo. De-sen-can-ta-do. Separadamente, porque é com uma dor que incomoda lá dentro que decodifico cada uma dessas sílabas. É de certo, que tal desencantamento não tenha se dado para mim pela procura frustrante de monstros, lendas e mitos. Mesmo considerando a hipótese de que possam estes apenas ter mudado de nome ou endereço. Me desencanto pelo que as situações me obrigam a ver; pois assim como quase todo o resto do mundo, eu também tento procurar o mais cômodo, camuflar problemas, tapar meus olhos e fingir. Fingir que está tudo nos conformes e no seu devido lugar, mesmo não sabendo qual seria o devido lugar. E ultimamente, de modo a tentar me enganar mais uma vez, venho dedicando meus pensamentos e alguns minutos do meu dia a falar de desencantos ou qualquer outro nome que se escolha chamar. Pois como está, esse será mais um pequeno detalhe que passará por despercebido. Assim como os olhares tênues e os restos de roupas escuras que tentam se configurar todos os dias em um determinado espaço. Como a luta dia após dia contra fome, frio e contra a própria existência. Como as mãos estendidas em vão, pedindo não por atenção, mas por uma chance. E me dói sim parar para pensar que enquanto escrevo para salvar minhas ideias, meu tempo e a mim mesma, outros lutam para se salvar da própria realidade e daquilo que tão generosamente chamam de vida.
"Há os que se queixam do vento. Os que esperam que ele mude. E os que procuram ajustar as velas." (William G. Ward)
Tudo uma questão de escolhas...
Quanta dureza. nao tinha visto isso nos teus outros textos.
ResponderExcluirmuito bom, muito mesmo.