A vida nunca tinha dado a ela a certeza do que efetivamente representava um fim. Mas, se existisse uma cor pra qualquer fim que fosse, a cor seria aquela. Exatamente daquele jeito... a cor daquela calmaria externa. A moça não perdia uma vela pra apagar que fosse, nem uma estrela cadente distante que passasse ou qualquer pontinha do que lhe desse um pouco mais de fé de que os pedidos feitos durante aqueles rituais tão infantis virassem verdade. A moça ainda hoje não largou essa mania; se apegou a isso como se apegara tanto ao que há de ser deixado pra trás. Mas virou quase um disco ralado ou um livro de uma frase só. Repetia sempre mentalmente com os olhos fechados o mesmo pedido. Deixou os desejos costumeiros de lado. As vontades comuns próprias de alguém ficaram de escanteio.Não que não desejasse, mas antes de tudo queria paz. Paz virou sua prioridade,sua meta, o motivo pelo qual viveria agora -mesmo sabendo que esse tipo de coisa, como tinha lido sobre a liberdade,não se encontra como se encontra um lugar.- Não precisava ser a paz mundial, apenas a sua. Paz interior,paz consigo,com seu mundo. Paz pra rotina, paz pra alma,pra mente,paz pro coração. Por um tempo iria esquecer as aprovações, a inconstância de um amor intenso e até o bem dos que amava. Abriria mão de qualquer coração pulsando fora do ritmo que fosse por sua paz, e só.